Das 160 árvores, 40 eucaliptos serão cortados e 44 podados. Segundo a prefeitura, laudo que indica dano e corte é por segurança.
Matéria de
Juliana Scarini, correspondente do G1 Região Serrana.
28/01/2015 19h23 - Atualizado em 29/01/2015 09h50
28/01/2015 19h23 - Atualizado em 29/01/2015 09h50
Imagens
áreas mostram o tamanho do eucalipto cortado nesta quarta-feira (28)
(Foto:
Montagna Filmes/Divulgação)
O
corte dos eucaliptos centenários da Praça Getúlio Vargas em Nova
Friburgo, Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro, está
gerando vários protestos. Manifestantes afirmam que o corte raso das árvores é
uma ação "assassina" e que destrói a história do município. Nesta
quarta-feira (28), o corte de mais um eucalipto causou comoção em várias pessoas
que tentaram impedir a ação. Segundo a prefeitura, um laudo indicou dano nas árvores
e o corte é por segurança. A medida foi anunciada no início deste mês, após o Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) afirmar que a manutenção do espaço é de responsabilidade do
executivo.
Abraços coletivos às árvores
estão sendo feitos
todos os dias (Foto: Alessandro Rifan)
todos os dias (Foto: Alessandro Rifan)
Até este domingo
(25), foi feito o corte de 25 eucaliptos e, nesta quarta-feira, uma das maiores
árvores da praça foi derrubada. Algumas pessoas que acompanharam o corte
chegaram a chorar e se mostraram revoltadas. É o caso de Miguel Leal Marinho, de
28 anos. Ele participou de abraços coletivos nas árvores que ainda não foram
cortadas e afirma que apenas um dos eucaliptos apresentava broca e precisava
ser cortado.
"Ali não tem nenhuma árvore pronta para cair.
Eu defendo a poda preventiva, mas a derrubada, não", disse Miguel, com
um pedaço de tronco dos eucaliptos cortados, afirmando que a árvore não está
podre.
Janusa Dias ficou emocionada
ao ver o eucalipto sendo
cortado (Foto: Reprodução/InterTV)
cortado (Foto: Reprodução/InterTV)
Para o arquiteto e
socioambientalista, Alessandro Rifan, de 44 anos, a medida adotada pelo município
deveria ter sido feita envolvendo a sociedade civil para discutir e
definir um conjunto de decisões. "O
que estamos vendo não é adequado, é mutilatório. Cadê o tal laudo? É um
assunto que fere a afetividade do friburguense. Vi senhoras chorando, nervosas
com esse ato insano e ditatorial", afirmou.
A
jornalista Janusa Dias, de 34 anos, acompanhou o corte do grande eucalipto
nesta quarta-feira e se emocionou ao presenciar a cena. "São muitos anos que aquelas árvores estão
ali. Eu vou na praça todos os dias e ver isso me magoa muito. Dói muito ver as
árvores sendo cortadas", afirmou Janusa.
O
movimento contra o corte dos eucaliptos ganhou força nas redes sociais através
da página "Nova Friburgo – cidade das árvores assassinadas" que já
tem mais de 2.200 curtidas. Até o domingo (1º), vários abraços coletivos estão
marcados para acontecer a parti das 18h, na Praça Getúlio Vargas.
Coletiva de imprensa aconteceu
na tarde desta quarta (28)
(Foto: Juliana Scarini/G1)
Prefeitura explica ação na praça
Nesta
quarta-feira (28), o prefeito Rogério Cabral realizou uma
coletiva de imprensa para falar sobre o assunto e explicou que a prioridade é a
segurança das pessoas que passam pelo local. Ele apresentou laudos de todas as
árvores cortadas e voltou a afirmar que a medida está baseada em um estudo da Universidade
Estácio de Sá, que aponta a necessidade de corte raso de 40 eucaliptos
e a poda de outros 44.
Segundo
o secretário
de Defesa Civil, João Paulo Mori, a Praça Getúlio
Vargas possui 160 eucaliptos e, se o município seguisse o estudo apresentado
pelo IPHAN, seriam cortados 102
eucaliptos. "Optamos pelo estudo da
Estácio e também realizamos radiografia e perfuração dos eucaliptos. A árvore
maior, que foi cortada hoje, apresentava podridão", disse Mori.
"Eu entendo a revolta das pessoas, a praça
realmente está ficando feia, mas essa ação é necessária", disse o
prefeito, apresentando a Proposta de
Requalificação Urbano Paisagístico da praça, elaborada pelo IPHAN. Segundo o município, o documento
foi entregue em outubro de 2013. O valor do projeto é de R$ 8 milhões. A
prefeitura afirmou que não possui recursos para iniciar o projeto que vai
tentar apoio dos governos estadual e federal.
Ainda
de acordo com Cabral, a decisão foi tomada após uma série de acidentes no local
que, segundo ele, colocaram em risco a vida das pessoas. "Nós também realizamos uma audiência pública
no Teatro Municipal em outubro de 2013. Esse é um assunto que
foi muito discutido e já era para ter sido resolvido há anos", falou
Cabral.
Imagens
mostram a praça antes da poda
(Foto: Montagna Filmes/Divulgação)
Durante
a coletiva, João Paulo Mori também explicou a mudança de data dos cortes.
Até então, a medida aconteceu nos finais de semana e seria concluída neste
domingo (1º). "Nós trocamos a data e
voltamos com o trabalho nesta quarta atendendo um pedido dos feirantes. Eles
disseram que estavam tendo prejuízos. Como também não houve necessidade
interromper o trânsito, achamos que poderia concluir o trabalho durante a
semana", disse.
Apesar
disso, os manifestantes afirmam que a decisão de adiantar a conclusão do
trabalho foi para enfraquecer o movimento. "Em função da má visibilidade quanto às mutilações e o movimento crescente
de sensibilização na sociedade, resolveram hoje pela manhã iniciar a destruição
completa da praça. Foi estratégico", reclamou o arquiteto e
socioambientalista Rifan.
Após poda, um clarão foi
aberto na praça
(Foto: Montagna Filmes/Divulgação)
Destino da madeira
A
prefeitura afirmou que a madeira dos eucaliptos está sendo destinada para o Horto
Municipal e sendo guardada na Madeireira Melodia. "A madeira dessas árvores vai servir para
construir novos bancos para a praça. Essa ação faz parte do projeto histórico.
As pessoas que visitarem o espaço estarão sentadas em bancos que resgatam um
pouco da história do local", disse Edson Lisboa, secretário
do Escritório
de Gerenciamento de Projetos.
De
acordo com Edson, uma parte da madeira também foi entregue ao artista
plástico Felga de Moraes, que irá fazer uma trabalho artístico, e a
outra parte poderá ser doada para instituições de caridade que solicitarem à
prefeitura.
O
projeto elaborado pelo IPHAN e que
será seguido pela prefeitura irá dividir a praça em três partes. O local terá
um setor histórico, um intermediário e um de eventos. Serão plantadas flores e
resgatada a história do local, que sofreu modificações ao longo do tempo.
Miguel mostrou pedaço de
madeira sadia
(Foto: Juliana Scarini/G1)
(Foto: Juliana Scarini/G1)
Novas podas podem acontecer
Nesta
quarta-feira (28), o município também informou que após o corte raso dos 40
eucaliptos, novas árvores podem ser cortadas ou podadas. O motivo é o fato das
árvores "se protegerem" e
buscarem sempre a posição do sol. Com a derrubada de algumas, as que ficaram
isoladas podem apresentar tendência de queda. Caso isso aconteça, um novo
estudo será feito no local.
Sobre a
praça
A
Praça Getúlio Vargas foi construída em 1880
pelo engenheiro e paisagista francês Auguste François Marrie Glaziou,
também responsável pelo projeto paisagístico do Nova Friburgo Country Clube,
e tombada pelo IPHAN na década de 1980. Segundo o órgão, a espécie de
eucalipto existente no local tem como característica a desrama natural, ou seja,
os galhos se desprendem naturalmente, sem que haja qualquer tipo de fator que
provoque a queda.
Devido
à idade dos eucaliptos, a queda de galhos ou de toda a árvore, como já
aconteceu em julho de 2012, é um
acontecimento normal e as podas erradas ao longo dos anos contribuem para
esses incidentes.
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Minhas ponderações....
Aqui cabe dizer outra vez, uma coisa que digo sempre:
"A nossa opinião, para determinados políticos, só é válida em época de eleição, nessa época eles escutam de tudo, fora isso, depois de eleitos, o que falamos de nada mais vale, pois o que pensamos deixa de ser importante... isso até a próxima eleição, claro, pois ai eles voltam a fingir nos escutar ".
E esse é o exemplo vivo disso. Apesar de ser dito que houve debates antecipados ao acontecido, creio que a população não é louca a ponto de agir assim se já soubesse de fato. Entre os presentes existem pessoas com determinado conhecimento de causa, então merecem ser ouvidas, mas não é o que parece entender a atual gestão pública de Nova Friburgo... o que é uma pena. É mais uma vez um governo passando por cima da opinião de muitos.
É possível dar ordem ao caos.
Pense verde, o planeta azul agradece.
Abraços, sempre!!!
Mu®illo diM@tto♪
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