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Rubin Hurricane Carter com Nelson Madela em setembro 2009 |
Assistindo
a uma noticia, que infelizmente não teve o merecido destaque, no telejornal, lembrei de um
momento de minha vida, de muita importância, em que eu e mais dois amigos, o saudoso Silvinho, o louco, e Sheik, o russo. voltávamos de um dos nossos
(já históricos) acampamentos, e esse foi um daqueles instantes em que parece
ter ficado “parado, suspenso no ar”,
como bem cantava Raul Seixas em “Tente Outra Vez”. Não lembro bem ao certo a data, mas recordo que era por volta
das quase doze horas da noite, no já longínquo ano de 1985, quando passou um
automóvel, desses bem rebaixados e com pneus de talas largas, coisas que não se
vê muito hoje em dia, mas que eram parte do cenário da “plaboyzada” da época...
e este estava com o rádio no mais alto volume (isso ainda se vê, ou pior, se
escuta), a principio fiquei maluco com o volume alto, devido ao vinho ainda
presente no meu até então, mau tratado organismo... mas depois que ouvi melhor um
solo rasgado de violino na música que se fazia presente, esqueci a ressaca
tardia na hora ... e fui ao delírio! Era nada mais, nada menos, do que um dos
profetas pop de minha geração... era Bob
Dylan, se apresentando com maestria em uma canção. E de vez em quando a
música era interrompida para ser anunciado que alguém chamado Carter finalmente havia sido
libertado e que essa música espetacular composta por Dylan em 1975, chamada de
“Hurricane”, um hino, uma ode, era um
tributo ao pugilista Rubin Carter, conhecido
como o Furacão, que em inglês é o título da música. Então me veio um “epa!” no pensamento seguido da seguinte pergunta:
“quem
é esse Rubin “Hurricane” Carter que a rádio tanto fala, afinal?!” Bem... a música para quem não
conhece (mas devia) tem mais ou menos uns oito minutos de duração, com uma
cantoria continua da voz fanhosa do grande Dylan... e sempre acompanhada das
nuances de um sublime e nervoso violino, e o tempo todo em um ritmo “folk-rock-country”,
sei lá... indefinível! Porém frenética e palpitante... terminando com um solo,
da sempre presente, velha harmônica estridente e sempre bem aplicada na conduta
musical que Dylan nos oferece. Não é à toa que Bob Dylan
é visto e cultuado por varias gerações como um dos
maiores gênios musicais do século XX. E o bom é que ele, mesmo não tão
assíduo ultimamente, continua em ebulição. Bem, vamos a música, por que é
dela que também se trata essa matéria, eu já a conhecia e muito, mas
pelo jeito
nem tudo que ela de verdadeiro representava, perguntei aos meus companheiros de viagem se sabiam quem era, e constatei que a ignorância entre nós era fortemente contagiosa. Então, a época do
acontecido, eu pesquisei...
a música conta a história de um ex-pugilista, Rubin
Carter, nascido em 6
de maio de 1937, em Clifton, Nova Jérsia, EUA. Um
sujeito que após ser liberto se tornou um dos maiores ativistas por causas humanitárias. Ele
procurava libertar prisioneiros condenados por crimes que não cometeram, e
todo
aquele que de alguma forma fora injustiçado. E a ele não importava se
fosse
negro ou branco, pois Carter, era um daqueles que pensavam que a única
raça que existe, tanto socialmente, quanto biologicamente falando é a
humana...
a cor de um homem nunca deveria defini-lo como uma espécie diferente
dentro de
sua própria raça, pois esta definição por si só, já é racista. Mas é
isso, esse
era Rubin Carter... digo no passado por que
esse grande sujeito veio, infelizmente, a falecer domingo agora (20/04/2014) aos 76 anos de
idade, em Toronto, Canadá, devido a um câncer de próstata. Acho que Deus o quis como
presente nessa Páscoa e o recolheu para a sua companhia - ele tem feito muito isso
ultimamente, com os bons. Então, depois dessa pesquisa realizada em 1985, passei
a admirar Carter como um dos grandes transformadores de opiniões, em um patamar
que o enquadro entre Gandhi, Luther King, Malcom-X, Dian Fossey, Rachel Carson, Oliver Tambo, Steve Biko,
Nelson Mandela, Desmond Tutu, Betinho e Dalai Lama. Poderia até não ter a mesma
formação que os demais, mas em questão de perseverança e brilhantismo, não
deixava nada a desejar. E “Hurricane” foi um desses tais, de personalidade
forte, que não se calava diante do perigo eminente, e isso em plena década de
1960, onde os EUA eram (eram?!) um
dos países mais segregacionistas do mundo. Então, essa sua postura libertária acabou
mexendo com alguns manipuladores poderosos daquele tempo tão instável e
conturbado... os anos da década de 1960. É tanto, que até hoje servem de exemplo
para coisas que não devem ser repetidas. É... os homens são assim, buscam
acertos em cima de suas sequências de erros grotescos e insanos. E foi isso que
fizeram com Rubin Carter, erraram
feio com ele, quando em 1966 o prenderam, o julgaram (por um júri racista e comprado)
e o encarceram por 19 anos. Condenado por um triplo homicídio que ele comprovadamente
não havia cometido, já que estava a quilômetros do local do crime. Cumpriu essa
pena até 1985, quando então tomei conhecido de quem ele de fato era. Essa
história é uma daquelas poucas que pode ser ouvida, lida e vista. Há a ótima música
aqui já citada, há bons livros sobre, e há o também ótimo filme, do diretor Norman Jewison, de 1999, esse
interpretado magistralmente por Denzel
Washington, tanto que foi premiado pelo Globo de Ouro e indicado ao Oscar.
É a arte a serviço da justiça... essa que as vezes, sorrateiramente, se
esgueira travestida de injustiça, parecendo não querer participar da vida
daqueles que não estão entre os poderosos. Infelizmente a justiça é quase
sempre manipulada pelos interesses escusos de uma minoria, mas infelizmente
sempre poderosa... é a lei imposta por uns, para assim se fazer cumprir o lado
negro da justiça (vide o nosso próprio congresso nacional, eles são mestres
nisso). A história dos homens está ai, mascarada, mas está, para comprovar a
quem quiser discordar. No mais, que venham outros “Hurricanes” (acho difícil), pois a vida plena tem justa sede destes.
Links
de Sustentação (mesmo que sejam sem criatividade nenhuma, parece que um copiou a matéria do outro):
Abraços, sempre!!!...
Murillo diMattos
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