Bate-papo com Marcelo Szpilman*
Encontros com a Pesquisa no Museu do Meio Ambiente
Você está
convidado!
Por Marcelo
Szpilman*
Se esse
assunto lhe interessa, e você quer saber um pouco mais sobre hábitos e
comportamentos dos tubarões, o quê é mito e o quê é verdade, as razões que
motivam seus ataques e porquê as pessoas tem fobia desses animais, o próximo “Encontros com a Pesquisa” traz o biólogo marinho Marcelo
Szpilman, diretor do Instituto Aqualung e especialista no assunto, para um
bate-papo sobre esses extraordinários seres marinhos, hoje bastante ameaçados
pela pesca e com várias espécies em risco de extinção.
Quando: terça-feira, dia 23 de outubro 2012,
de 10 às 12 horas.
Entrada
Livre __ Estacionamento no local
Artigo de Esclarecimento
Austrália matará
Tubarões que se aproximarem das praias. A medida é correta ou será oportunismo
político?
A notícia “Austrália matará tubarões que
se aproximarem das praias”, publicada hoje no Estadão Online, é um
verdadeiro retrocesso nas ações de conservação dos tubarões, particularmente
dos tubarões-brancos. Mesmo sendo eles os envolvidos nos recentes ataques (leia
a notícia completa abaixo), devemos levar em conta que suas populações
declinaram quase 90% nos últimos 30 anos e que sua extinção provocará
consequências desastrosas ao ecossistema marinho.
O governo do
Estado da Austrália Ocidental anunciou nesta quinta-feira, dia 27/09, um plano
para capturar e matar os tubarões que se aproximarem demais das praias como
medida de proteção, após um ano no qual foram registradas cinco vítimas fatais
por ataques destes animais. "Em 100 anos houve 12 vítimas mortais por
ataques de tubarão, mas nos últimos 12 meses morreram cinco pessoas",
declarou Colin Barnett, governador da Austrália Ocidental.
O Departamento de
Pesca será o encarregado de rastrear e sacrificar os tubarões que representarem
um perigo para os banhistas.
"Esta nova
medida nos ajudará a entender o comportamento dos tubarões que chegam às praias
e oferecerá uma maior proteção às pessoas", disse o político australiano.
Antes desta
medida, o Departamento de Pesca só podia matar um tubarão depois que o animal
atacasse um banhista. "Está claro que algo mudou e temos que ser mais
cuidadosos", frisou Barnett.
Confesso que essa notícia tem o incrível
poder de chamar a atenção, mas deve-se consumi-la com calma. É preciso
esclarecer que ataques de tubarão-branco ao homem são, e devem ser,
considerados eventos acidentais. O tubarão-branco dificilmente ataca o homem,
mas quando isso ocorre o motivo mais frequente é o erro de identificação visual
com sua presa habitual. E matar tubarões de forma preventiva, apenas por que o
animal se aproximou demais das praias, não só não resolve o problema, como é
uma estupidez do tipo “atirar primeiro e ver quem é depois”.
Mergulho com tubarões ao redor do mundo,
incluindo o grande tubarão-branco, com o objetivo de mostrar ser possível
interagir de forma amistosa com esses seres fantásticos. E um dos objetivos é
desmitificar e apagar a errônea imagem de “comedor de homens”, como a que foi
imputada na década de 1970 ao tubarão-branco pelo blockbuster: Tubarão, de Steven Spielberg. O
filme passou a distorcida ideia de que o tubarão-branco é um animal perverso e
sanguinário que tem o homem como alvo principal. A irreal imagem da vítima
humana mastigada pelos enormes dentes triangulares foi tão forte e negativa que
os tubarões-brancos ficaram estigmatizados no imaginário coletivo como os
assassinos dos mares. E basta que ocorram alguns ataques para reavivar tudo
isso. Ou servir como oportunidade para dar visibilidade a algum político.
Mas pense bem. Atualmente, ocorrem no máximo
70 ataques de tubarão por ano no mundo todo. E desses, somente seis, em média,
são atribuídos aos grandes brancos. Estatísticas da FAO (órgão dasNações Unidas) estimam que mais de 100 milhões de tubarões são capturados
e mortos anualmente em todos os oceanos. Quem são os verdadeiros assassinos dos
mares?
Proteger os
tubarões é proteger a vida, é proteger a nós mesmos!
*Marcelo Szpilman, Biólogo marinho formado pela UFRJ, com
Pós-graduação Executiva em Meio Ambiente (MBE) pela COPPE/UFRJ, é autor dos
livros Guia Aqualung de Peixes (1991) e de sua versão ampliada em inglês
Aqualung Guide to Fishes (1992), Seres Marinhos Perigosos (1998), Peixes
Marinhos do Brasil (2000), Tubarões no Brasil (2004). Por ser um dos maiores
especialistas em peixes e tubarões e escritor de várias matérias e artigos
sobre natureza, ecologia, evolução e fauna marinha publicados nos últimos anos
em diversas revistas, jornais, blogs e sites, Marcelo Szpilman é muito requisitado
para ministrar palestras, conceder entrevistas e dar consultoria técnica para
diversos canais de TV. Atualmente, é diretor do Instituto Ecológico Aqualung,
diretor do Projeto Tubarões no Brasil, membro do Conselho da Cidade do
Rio de Janeiro (área de Meio Ambiente e Sustentabilidade) e membro e diretor do
Sub Comitê do Sistema Lagunar da Lagoa Rodrigo de Freitas.
Acompanhe o
boletim ECO PARADISO na Rádio
SulAmérica PARADISO 95,7 FM, com o biólogo marinho Marcelo Szpilman
e apoio do Instituto Ecológico Aqualung.
Duas edições diárias, de segunda a sexta, às 12h30 e às 20h30, e sábado e
domingo, às 12h30 e às 20h20, falando sobre Meio Ambiente e Sustentabilidade.
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