21/03/2013 | Por nytsyn, The New York Times News Service/Syndicate
O caminho
ilícito do marfim africano até o patrimônio cultural chinês
Investidores chineses consagraram o marfim como 'ouro
branco'. Escultores e colecionadores
preferem o termo 'pedra preciosa orgânica'. Os
contrabandistas, no entanto, usam, um nome terrivelmente direto para as
presas recém-colhidas do elefante africano e que vão parar
neste remoto posto avançado de negociação na fronteira vietnamita.
'Nós os chamamos
de dentes sangrentos', disse
Xing, fabricante de móveis e traficante de marfim, que é parte de
um negócio
sombrio que ressuscitou reivindicações pela proibição internacional total das
vendas de marfim.
Para ultraje dos grupos de conservação que tentam
impedir o massacre dos elefantes africanos e para o constrangimento das
agências policiais chinesas, o negócio próspero do marfim de Xing é apenas uma
gota no rastro de sangue que se estende da África, pelo ar, mar e terra, até os
showrooms chineses e às coleções particulares.
'Os chineses têm a chave do futuro dos
elefantes', declarou Iain Douglas-Hamilton, fundador da Fundação
Salve os Elefantes. 'Se as coisas continuarem da forma que estão,
muitos países podem perder seus elefantes completamente.
'
Críticos afirmam que o governo chinês não está
fazendo o suficiente para deter o comércio ilegal do marfim, que explodiu nos
cinco anos desde que os conservacionistas e os governos concordaram com um
programa de vendas limitadas de marfim com o intuito de reprimir a caça
ilegal e renovar um artesanato centenário. Desde o
começo, em 2012, mais de 32.000 elefantes foram mortos ilegalmente,
segundo a Born Free Foundation, uma organização de proteção da fauna selvagem,
e os conservacionistas afirmam
que a maioria do marfim vendido na China, cujo preço chega a quase 3000
dólares o quilo no mercado negro, é de origem duvidosa.
As vendas legalizadas de marfim têm sido um benefício
para os escultores e agentes, que
têm ajudado a fomentar a demanda por fornecimentos ainda maiores. Mas os investigadores
do comércio na China afirmam que vendas exponenciais – e o
incentivo à caça ilegal – podem estar ligadas a uma combinação entre a
incompetência
dos órgãos policiais e a corrupção oficial, especialmente entre os militares.
A única forma de salvar o elefante africano, afirmam
os conservacionistas, é proibir a venda de marfim completamente.
Embora a natureza clandestina do contrabando de marfim
dificulte o mapeamento completo, especialistas dizem que os elefantes africanos estão sendo abatidos ao
índice mais alto em duas décadas, principalmente para satisfazer a
demanda entre a crescente classe média da China. 'A China claramente lidera o comércio ilegal do marfim,
mais que qualquer outra nação do planeta', declarou Tom Milliken, especialista
em elefantes da rede Traffic de fiscalização do comércio de animais selvagens.
Era para ser diferente. Em 1989, a Convenção
sobre Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas, ou a CITES
(sigla em inglês), apoiada pela ONU, proibiu a venda de marfim em um
esforço para impedir o que os conservacionistas já diziam ser um 'holocausto'
dos elefantes.
Logo que as manadas se recuperaram, porém, as
autoridades da CITES em 2008 concordaram em fazer um
polêmico leilão único do marfim africano armazenado, para o Japão
e a China,
com o dinheiro sendo direcionado à conservação da fauna selvagem. Como
parte do acordo, o governo chinês apresentou um sistema complexo de documentação
para rastrear cada bugiganga e escultura produzidas a partir das mais de 60
toneladas do marfim leiloado que o país conquistou. Apoiadores tinham esperança de que uma
inundação do marfim barato e regulamentado iria eliminar o comércio ilegal,
salvando mais elefantes.
A venda, contudo, provou ser um fracasso
colossal. Como as copas das árvores, que dificultam a detecção dos
caçadores na floresta, o comércio do marfim regulamentado forneceu aos
escultores e colecionadores inescrupulosos chineses a camuflagem ideal para
comprar e vender as presas do contrabando.
As coisas deram errado desde o começo, e grupos de
conservação declaram que o governo chinês é parcialmente responsável.
Após adquirir o marfim leiloado a preços
artificialmente baixos, empreendimentos estatais na China começaram a vender
quantidades limitadas para fábricas de esculturas a até oito vezes o preço do
lance vencedor. Em vez de abafar
a venda do marfim ilícito, o aumento dos preços tornou a caça ainda mais
atraente.
Em 2011, por exemplo, o marfim
leiloado atingiu aproximadamente 94 milhões de dólares, o dobro do
total do ano anterior, segundo a Associação
dos Leiloeiros da China. 'Os compradores nem mesmo levavam para casa
as esculturas que compravam antes de as leiloarem novamente', afirmou
um funcionário de uma casa de leilão importante de Pequim, que pediu
anonimato por causa das sensibilidades envolvidas.
Embora o governo chinês em 2011
tenha impedido as casas de leilão de venderem marfim, as vendas
continuam – assim como o massacre.
A quantidade exata de marfim ilegal que entrou na
China é uma questão controversa,
mas organizações de conservação afirmam que não existe fornecimento legalizado
suficiente para se equiparar à quantidade vendida oficialmente em toda a China.
'Se observarmos o volume do mercado, é um
absurdo', afirmou Mary Rice, diretora executiva da organização
independente Agência de Investigação Ambiental, que estima que 90% do marfim na China seja ilegal.
Para os conservacionistas, a venda aberta do
contrabando
de marfim é simplesmente irritante. No mercado de antiguidades de Chengtian,
em Pequim,
oito bancas vendem esculturas de marfim sem registro. Ao
perguntar se eles tinham medo de serem presos, os vendedores confidenciaram que
recebem aviso com bastante antecedência sobre as raras repressões policiais.
'Enquanto
ousarmos vender, é seguro para você comprar', uma mulher declarou.
O marfim está profundamente incrustado na identidade
chinesa. Como parte de seus esforços de relações públicas para legalizar o comércio,
em 2006 o governo acrescentou a escultura em marfim ao seu registro oficial de
Patrimônio Cultural Intocável, juntamente com a Ópera de Pequim, o kung fu e a
acupuntura.
'O amor pelo
marfim está em nosso sangue',
declarou Wu Shaohua, presidente da Associação de Colecionadores
de Xangai. Wu disse que acha que o prestígio e a arte do marfim podem pesar mais,
para os entusiastas, do que quaisquer preocupações possíveis sobre a sua
origem.
Grupos internacionais de conservação e o governo
chinês têm tentado melhorar a conscientização. Mas a mensagem governamental contra o marfim
é confusa. Em 2011, Pequim começou a permitir que viajantes
chineses vindos de Zimbábue portassem até 10 quilos de produtos de marfim
esculpido como 'lembranças' em suas bagagens, uma política que confunde os
potenciais colecionadores, afirmam os grupos de conservação.
O governo chinês diz estar fazendo
tudo o que pode para impedir o contrabando de marfim. Autoridades
afirmam que aproximadamente 900 apreensões são feitas anualmente dentro
da China, e por volta de 90% delas envolveriam viajantes chineses ocultado
marfim na bagagem. Autoridades do governo disseram que 32
traficantes receberam sentenças de prisão perpétua.
Mas os
críticos dizem que os esforços do governo, na maior parte, não conseguiram
lidar com as organizações responsáveis por transportar grandes quantidades de
marfim contrabandeado para dentro da
China. Após as autoridades terem começado a visar cargas de certos países
africanos, a quadrilha do contrabando começou a enviar o marfim
através de portos intermediários, para que parecesse vir de outros lugares.
Quando as autoridades encontram uma grande carga, é
uma grande notícia. Aqui em Puzhai, os moradores ainda falam
sobre uma batida policial de abril de 2011, quando uma
inspeção de rotina rendeu uma das maiores apreensões de todos os tempos na
China: 707 presas de elefante, 32 braceletes de marfim e um chifre de
rinoceronte, tudo escondido em caixas de papelão no fundo de um
caminhão.
Para os conservacionistas, tais confiscos feitos pela
polícia são prova de que a experiência
do marfim legalizado é um fracasso. 'Apreensões não são uma indicação de sucesso', afirmou Grace
Ge Gabriel, diretora para a Ásia do Fundo Internacional do Bem-estar dos
Animais. 'Isso é apenas a ponta do iceberg. '
Autoridades chinesas negam que a corrupção tenha algum papel no comércio
ilegal de marfim. Antes, dizem, o tamanho colossal do país e a
população enorme impossibilitam eliminar o tráfico. 'Sempre há peixes
que escapam pela rede', declarou Meng Xianlin, diretor geral executivo da
agência chinesa de comércio de espécies ameaçadas.
Um porta-voz do Ministério do Exterior declarou em
fevereiro que a aplicação da lei chinesa tinha 'eficazmente restringido' o
contrabando de marfim.
Na verdade, o governo chinês está fazendo lobby para afrouxar as restrições ao
comércio de marfim. Apesar da dizimação contínua do elefante
africano, Meng, a autoridade do comércio de animais selvagens, tem insistido
que as manadas podem suportar um comércio internacional forte de marfim.
Em uma carta no ano passado para o Secretariado da CITES, ele afirmou
que a China deveria receber permissão para comprar as presas
confiscadas de elefantes caçados além daquelas obtidas legalmente. A
demanda da Ásia, escreveu, precisava de aproximadamente 200 toneladas de marfim
no estado bruto – correspondentes às vidas de aproximadamente 20.000 elefantes
– todos os anos.
Minhas
considerações:
A grande desculpa
de um país ao não conseguir resolver seus problemas, é colocar como empecilho a
sua própria extensão territorial, a China faz
isso... a Rússia faz
isso... o Brasil faz
isso catedraticamente muito bem, chega a ser “au concuor”. Nessa questão, a China não só
se trai como também lava as mãos... essa coisa do marfim legalizado
é uma lástima, pois tanto de um jeito quanto do outro, o ilegal, a mortandade de
elefantes acontece, e de forma assustadora. E é triste perceber como
eles tratam a questão, pois quando afirmam que o marfim é algo
cultural para eles, esquecem que a matéria prima
é extraída de um ser vivo... e que nobre ser vivo é
esse tal bicho elefante, majestoso no andar, terno no olhar... e merecidamente
um cidadão do planeta. É, só que infelizmente as autoridades do mundo
inteiro não se dão as mãos para questões assim, não com a seriedade devida,
ficando a cargo de organizações não
governamentais, que muitas das vezes não tem a força necessária, ou o
apoio populacional, para o combate saudável a essas causas e outras de
importâncias equivalentes... mas contudo digo: só a vontade de
corrigir o errado já um bom pontapé na bunda da ignorância, bom seria se
chutássemos todos, e ao mesmo tempo.
Agora, sendo curto
e grosso... não gostou da forma como as coisas são feitas? Então acesse esses
sites, pois eles pertencem a organizações sérias que lutam por um mundo
melhor:
e ajude, de uma maneira ou de outra, pois você
é peça fundamental nessa luta por uma vida mais segura e saudável, afinal você faz parte dela.
É possível dar
ordem ao caos!
Pense verde...
o planeta azul
agradece
Abraços,
sempre!!!...
Mu®illo diM@ttos