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sexta-feira, 16 de março de 2012

Azis Ab’Saber, o mestre da Geomorfologia.

Eu, um fã de biologia, psicologia, geografia, política e história, sempre digo que a vida, tão presa a estas matérias, às vezes nos dá mostras que não está muito satisfeita conosco, exageros a parte desse ser que sou, biológico, psicológico, geográfico, político e nem um pouco histórico, sei que é justamente ao contrário, pois nós que é demonstramos isso em relação à vida. Digo isso por que hoje, 16/03/2012, infelizmente, as portas da Conferência das Nações Unidas Sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio +20), perdemos Aziz Nacib Ab’Saber, que em cima dos seus 87 anos de idade era, e acho que por muito tempo ainda será, um dos maiores gênios desse país (e por que não do mundo?) no campo da geomorfologia, biologia evolutiva, ecologia e de outros estudos mais como a arqueologia. Sendo um dos intelectuais que compactuava com os ideais de muitos outros que enxergam o quanto estamos destruindo o nosso lar, ou seja, o nosso planeta, devido ao consumismo desenfreado por nós adquirido com o passar dos anos, pois que estamos colocando os lucros à frente dos custos, e custo aqui se aplica a sobrevivência saudável. 

Azis Ab’Saber, se envolveu e lutou a favor de forma tal com as causas ambientais, que é impossível falar do nosso já sangrado meio ambiente, sem lembrar de sua luta. Se for possível definir uma pessoa como Aziz é fácil dizer que ele foi um homem de valor único e não possuía traços de covardia no que acreditava, pois dizia na lata aquilo lhe era absurdo. Como exemplo: Ab’Saber era um dos que lutavam contra a transposição do rio São Francisco, e não tinha meia trava em dizer o quanto isso não seguia, e não segue, a nenhuma norma ajuizadamente responsável, geológica e ambientalmente falando, já que os perigos geológicos e ambientais que essa loucura poderia, e pode causar, são inúmeras. Geógrafo de projeção internacional, por vezes parecia ser mais ouvido lá fora, do que aqui, o que é muito comum se tratando de nosso país. 

Aziz nasceu em 24 de outubro de 1924 na cidade de São Luis do Paraitinga, no estado de São Paulo. Mesma cidade em que nasceu o pioneiro no estudo das moléstias tropicais e da medicina experimental no Brasil, o cientista médico sanitarista, Oswaldo Cruz

Aziz era membro honorário da Sociedade de Arqueologia Brasileira, Grão Cruz em Ciências da Terra pela Ordem Nacional do Mérito Científico, Prêmio Internacional de Ecologia de 1998 e Prêmio UNESCO para Ciência e Meio Ambiente. Foi professor honorário do Instituto de Estudos Avançados e também professor emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo e presidente de honra da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência.  

Ab’Saber é responsável direto por diversas pesquisas e tratado científicos na área de ecologia, biologia evolutiva, fitogeografia, geologia, arqueologia, e é claro, geografia. Como um defensor assíduo da Mata Atlântica posso destacar entre as suas contribuições para com esta, a coordenação da criação dos parques de preservação da Serra do Mar e da Serra do Japi, além dos levantamentos morfoclimáticos e de seus ecossistemas, entre tantas outras tantas contribuições de importâncias vitais. 

Aziz Ab’Saber defendia um papel mais ativo dos cientistas nas questões sociais, isso o aproximou do PT (Partido dos Trabalhadores), vindo depois a tornar-se um dos maiores críticos do governo Luis Inácio Lula da Silva devido a sua política ambiental, na qual disse que o governo petista era a maior frustração no que concerne a história do movimento ambientalista brasileiro, justamente pelo apoio que o governo dá aos grandes proprietários de terra do nordeste seco, o que reforça a ideia do projeto de Transposição do Rio São Francisco, o que para Aziz ficou claro que tal empreendimento  não seria então por questões humanitárias e sim financeiras. Essa obra prevê mais de 600 quilômetros de canais de concreto em dois grandes eixos (norte e leste) ao longo do território de quatro estados nordestinos, que são: (Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte, para o desvio das águas do Velho Chico, enquanto que ao longo do rio, o projeto ainda construirá nove estações de bombeamento de água, afetando todo o ecossistema ao redor do São Francisco e assim beneficiando somente os grandes latifundiários de toda essa região, pois que passará por suas fazendas sem que os problemas da população local sejam solucionados. Resumindo: Irá se retirar a água da onde ela abastece de forma natural o que a natureza levou anos para construir, para transportá-la e assim disponibilizá-la para a agroindústria e a carcinicultura, mesmo que o RIMA (Relatório de Impacto Ambiental), diga não, pois alega como razão, a geração de emprego e renda. Como disse lá em cima no início da postagem, é o tal consumismo desenfreado ditando as regras, mesmo que está não sejam lógicas e sadias, por isso disse que as portas da Rio +20, uma das vozes mais coerentes desse país deixará de ser ouvida, e isto partindo do pressuposto que Aziz Ab’Saber seria convidado a palestrar. 

Se para muitos o Brasil, teve apenas uma perda acadêmica digna de apenas alguns comentários mesmo que em âmbito nacional, para o mundo foi uma perda acima de todos os rótulos e de incalculável infortúnio, tanto no quesito humano, quanto no cientifico. Hoje sangra mais ainda o meio ambiente e todas as ciências que Aziz dominava, e sorriem de júbilo, os anjos que agora tem a companhia de mais um mestre. Vida eterna as suas memórias e convicções, professor Aziz Ab’Saber, que trazia o saber no nome desde a nascença.





Links de sustentação:

Um resumo de Aziz:

Grão Cruz em Ciências da Terra:

Sobre o Parque da Serra do Japi:

O que é o CONDEPHAAT:


É possível dar ordem ao caos...
Abraços, sempre!!!...
 
Mu®illo diM@tto
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