Hoje é Dia Nacional de Botânica...
Por EquipeONB
em17/04/2018
No dia 17 de abril, comemora-se o Dia Nacional da Botânica. Instituída pelo Decreto de Lei nº 1.147/1979, a data homenageia o naturalista alemão Carl Friedrich Philipp Von Martius, responsável pela coleta de milhares de espécies da flora brasileira, que foram, posteriormente, catalogadas e descritas na obra Flora brasiliensis.
O decreto de lei também declarou a palmeira brasileira Carnaúba como planta símbolo do Jardim Botânico do Rio de Janeiro e cria a Medalha do Mérito Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
A Botânica, palavra que vem do grego botané (“planta”), é o estudo científico da vida das plantas e algas, e abrange diversas disciplinas científicas que estudam o crescimento, a reprodução, o metabolismo, desenvolvimento, as doenças e a evolução da vida.
Em 2010, o Brasil conseguiu cumprir a Meta 1 estabelecida pela Estratégia Global para a Conservação de Plantas (GSPC-CDB) – programa da Convenção sobre Diversidade Biológica da ONU – com a publicação do Catálogo de Plantas e Fungos do Brasil e com o lançamento da primeira versão online da Lista de Espécies da Flora do Brasil.
Atualmente, são reconhecidas 46383 espécies para a flora brasileira, sendo 4751 Algas, 33.008 Angiospermas, 1550 Briófitas, 5726 Fungos, 30 Gimnospermas e 1318 Samambaias e Licófitas.
O que é a botânica....
Por Mariana Araguaia - Graduada em Biologia
Botânica é o estudo da fisiologia, morfologia, ecologia, evolução, anatomia, classificação, doenças, distribuição, dentre outros aspectos das plantas. Essa ciência foi reconhecida como tal em 1979, juntamente com os cursos de Biologia.
A história dessa área das ciências naturais nos remete a um passado bem longínquo: sabe-se, por exemplo, que no ano 370 antes de Cristo, um filósofo grego chamado Teofrastus, discípulo de Aristóteles - este que havia classificado as plantas em “com flores” e “sem flores” - escreveu dois tratados: "Sobre a História das Plantas" (Historia Plantarum) e "Sobre as Causas das Plantas".
O alemão Otto Brunfels, no século 16, publicou uma obra denominada Herbarium, com informações precisas sobre algumas espécies de plantas e, dois séculos depois, o botânico sueco Lineu propôs a nomenclatura binomial para identificação, também, deste reino vivo. Seu sistema de classificação era baseado na posição e número de estames na flor. Ambos são considerados como os pais da botânica científica.
Eicher, mais tarde, propôs a subpisão do Reino Plantae em criptógamas e fanerógamas: plantas sem e com flores, respectivamente. Outro cientista, Engler, propôs a classificação entre talófitas e cormófitas, sendo essas últimas as que possuem raiz, caule e folhas. Atualmente, com o advento da filogenia e avanço da Biologia Molecular, outras formas de classificação vêm sendo propostas.
Em nosso país, o estudo dos vegetais foi impulsionado pela chegada da corte portuguesa, tendo como consequência a criação do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, em 1808, por D. João VI.
Botânicos que fizeram história...
Postado em abril/2016 no site http://www.revistahcsm.coc.fiocruz.br
O Dia Nacional da Botânica, 17 de abril, foi instituído em 1994 em homenagem aos 200 anos do nascimento de Carl Friedrich Philipp von Martius (1794-1868), naturalista alemão que chegou ao Brasil em 1817 na comitiva da Imperatriz Leopoldina, esposa da Dom Pedro I. Martius viajou por três anos pelo país e coletou espécies depois catalogadas e descritas na Flora Brasiliensis, obra que contou com a participação de mais de 60 especialistas. Referência para a botânica brasileira, a coleção descreve IHGB22.767 espécies de plantas conhecidas no país até o século XIX. Von Martius também se tornou referência importante para os estudos de historiografia a partir de seu texto premiado pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) com um programa de escrita da história do Brasil para a produção de uma identidade coletiva para a jovem nação nos trópicos.
O artigo História e natureza em von Martius: esquadrinhando o Brasil para construir a nação, de Manoel Luiz Salgado Guimarães, discute aspectos desta escrita da história, articulando-a aos modelos científicos das primeiras décadas do século XIX e à cultura oitocentista.
João Barbosa Rodrigues (1842-1909)Também merece destaque no Dia da Botânica João Barbosa Rodrigues, desconhecido no meio científico até 1870, quando apresentou uma obra sobre orquídeas brasileiras, ilustrada por ele, que incluía descrições de inúmeras espécies novas. No decorrer dos anos, ele se torna um dos cientistas de maior expressão no país e no exterior. Magali Romero Sá conta essa história no artigo O botânico e o mecenas: João Barbosa Rodrigues e a ciência no Brasil na segunda metade do século XIX.
Conheça ainda:
Leia também em HCS-Manguinhos:
Maria Bandeira: uma botânica pioneira no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, artigo de Begonha Bediaga, Ariane Luna Peixoto e Tarciso S. Filgueiras;
O descanso dos naturalistas: uma análise de cenas na iconografia oitocentista, Antunes, Anderson Pereira; Moreira, Ildeu de Castro; Massarani, Luisa Medeiros (vol.22, no.3 , jul./set. 2015);
Joséphine Schouteden-Wéry no litoral belga: uma bióloga entre o trabalho de campo e a formação de coleções, artigo de Alda Heizer e Aline Cardoso Cerqueira (vol.21 no.3 Ago/set. 2014);
O inventário das curiosidades botânicas da Nouvelle France de Pierre-François-Xavier de Charlevoix (1744). Kobelinski, Michel. Mar 2013, vol.20, no.1;
Antônio Moniz de Souza, o ‘Homem da Natureza Brasileira’: ciência e plantas medicinais no início do século XIX. Santos, Laura Carvalho dos. Dez 2008, vol.15, no.4;
Notícias sobre uma expedição: Jean Massart e a missão biológica belga ao Brasil, 1922-1923, artigo de Alda Heizer (vol.15 no.3 jul/set. 2008);
Um caminho para a ciência: a trajetória da botânica Leda Dau, Azevedo, Nara, Cortes, Bianca Antunes Sá, Magali Romero . 2008, vol.15;
Conciliar o útil ao agradável e fazer ciência: Jardim Botânico do Rio de Janeiro – 1808 a 1860. Bediaga, Begonha. Dez 2007, vol.14, no.4;
Suplemento Ciência e Viagens, 2001 O botânico e o mecenas: João Barbosa Rodrigues e a ciência no Brasil na segunda metade do século XIX;
Sá, Magali Romero. 2001, vol.8 Richard Spruce, botânico e desbravador da América do Sul. Seaward, Mark R. D. Out 2000, vol.7, no.2;
A natureza e a cultura no compasso de um naturalista do século XIX: Wallace e a Amazônia, artigo de José Jerônimo de Alencar Alves (vol.18, no.3, set 2011);
Viajantes-naturalistas no Brasil oitocentista: experiência, relato e imagem, artigo de Lorelai Kury, (vol.8, 2001);
Memórias partilhadas: os relatos dos viajantes oitocentistas e a idéia de “civilização do cacau”,artigo de Lucia Maria Paschoal Guimarães (vol.8, 2001);
História e natureza em von Martius: esquadrinhando o Brasil para construir a nação, artigo de Manoel Luiz Salgado Guimarães (vol.7, no.2, out 2000).
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