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À minha
irmã...
Não acredito muito nesse resultado... os poucos que diriam “o vai a pqp”
não seriam população suficiente para uma boa estatística, pois com certeza os
que responderem são partes de uma seleta minoria, e não representariam,
infelizmente, a grande maioria. Sei que todos nós temos as nossas alienações,
limitações e inculturabilidades, eu tenho as minhas, você tem as suas, o outro
tem as dele, mas temo por aquelas que recaem sobre os ombros de terceiros, por
isso é preciso se policiar, e muito, para que as nossas imperfeições
ideológicas, filosóficas, e até mesmo psicológicas, que nos podam diretrizes,
não prejudiquem aqueles que nada tenham com isso. É o caso de nossa filosofia
política, pois quando a erramos, erramos por todos, e hoje em dia depositamos,
como que por desculpa, que a nação (que fica em quase último lugar no quesito
educação), não procura crescer culturalmente... não há muito para se dizer ao
contrário, pois não vemos como maioria aqueles que procuram saber: quem é quem
no quadro político nacional; que o bom entretenimento televisivo teve a
cordinha puxada e desceu pelo ralo e o que ficou é de um mau gosto indefinível;
quem é e o quê é de fato música de qualidade, tanto a nacional, quanto a de
fora; que o cinema (que gosto muito!) pode ser maleficamente tendencioso; que
os livros não são todos aproveitáveis (uns são puro desperdício de papel); e que o teatro, quase que num todo, ruiu bem
em cima da cabeça do bom gosto. Digo isso, mesmo que aqui seja um país bem diverso
culturalmente, pois há aqueles que manipulam tudo, e há aqueles que tudo
aceitam, e assim acabam definindo “coisas” como o tal “funk carioca” como um fenômeno
cultural... manchando o funk real como algo ruim, o tido como “pai do funk”, James Brown, hoje lá no céu das
estrelas, deve se incomodar e muito com isso. A grande idiotice é que tantos
outros processos culturais, bons, vão sendo enforcados para que renasçam zumbis
e inclassificáveis, um outro exemplo? O sertanejo é um... sei, é claro, dos
vários entendimentos e conceitos do que é cultura, mas no caso do "funk
carioca", é alienação pura e simplesmente mais nada do que isso, uma pena,
pois que esse movimento, que nasceu com as propriedades boas do questionamento
social, se perdeu ainda muito próximo a sua própria concepção, e hoje o que é de
verdade “cultura saudável” foi largado a milhas e milhas de distância de nossos
massacrados ouvidos e pobres olhos, por intermédio do entendimento do que é
rentável para os meios de comunicação e gravadoras.
E isso tudo é um interlúdio, para que eu diga que alguns vivem cercados
de pessoas (graças a Deus!) que pensam que essas últimas gestões de âmbito federal
(Regime Militar, Sarney, Collor, FHC, Lula e Dilma e talvez quem mais vier) de
nada tem de social, ambiental, econômico e cultural, dentro do padrão do que é
a base de um desenvolvimento sustentável verdadeiro, aceitável, por isso
achamos que a grande maioria também pensa
como nós... isso é um erro, e essa talvez seja a nossa limitação maior, pois
que ainda acreditamos! E esse é um país, onde o povo se deixa enganar, e
enganado permanece, e que poucos compõem a exceção dos olhos abertos para
coisas assim... onde por isso são vistos como chatos, “biodesagradáveis”,
metidos a “nerd’s”, CDF’s e coisas mais e más do gênero pejorativo. O engraçado
é que são esses que nos mandam para a “pqp”. Eles se deixam alienar-se, e o
errado somos nós, que mesmo quando nos pegamos massificados, lutamos contra...
luta árdua essa, por sinal.
Então, para comprovar que sou mesmo um chato de carteirinha assinada com
foto carimbada e tudo... deixo aqui três exemplos para o que falo, um é
clássico e os outros bem atuais, que são, eleições, Usina Hidrelétrica de Belo
Monte e a Copa do Mundo de Futebol:
1. Eleições – O povo sempre vota nas mesmas pessoas (se é que são
pessoas de verdade, eu tenho desconfiança destas, pois que a desumanidade nelas
é sempre reincidentemente implacável), e estas sabendo disso, travestidas de políticos,
fazem o que fazem, pois tem a certeza da reeleição, ou de que trabalharão nos
bastidores da política, e que mesmo sendo bastidores atuam a céu aberto. Eis
que o Lula se foi e a Dilma ficou... podendo ainda ter o risco de uma inversão
do acontecido, ou a permanência da mesma... o povo (digo de novo), em sua
grande maioria, votaria nele ou nela outra vez... e quem sabe, em mais outras diversas
vezes. Lula é considerado o “santo salvador”... aquele que chora, comove a
muitos. E Lula por ser assumidamente um “displomado”, torna-se algo próximo ao povo,
que ele mesmo ajuda a iludir... e a Dilma está nesse pacote, só que ela faz a
linha “eu não sorria antes, mas agora sorrio até demais, mudei por vocês”...
mas também, nem ao avesso ela é e será povo, afinal, o que é do povo vem do
povo, certo?... Se concordou a essa pergunta, você não entendeu o que escrevi...
esse dito já caiu por terra, Lula veio do povo, mas não ficou pelo povo, então
esqueça isso de vez! Aquela coisa de que o inferno está cheio de boas
intenções, serve bem para o que é fazer política em um país onde seu povo nem
apolítico é, por que isso já seria uma decisão determinante política... o povo
é apático mesmo, e não se fala mais nisso;
2. Hidrelétrica de Belo Monte – Essa a população me parece que
engoliu bem, mesmo que a tenha ficado atravessada na garganta e não se sabe
como cuspir, pois não a sente incomodar. Aquele imenso “elefante branco” no
meio da selva, já vinha sendo anunciado desde os tempos do inglorioso regime
militar, e quando enfim, o governo petista resolveu tirá-lo do papel para a
realidade, todos dormiam em cama de faquir, só que muitos não acordaram. Essa
grande maioria fez o que bem sabe fazer, entupida pelo sonífero do pão e circo,
não procurou entender por que índios, ambientalistas e até mesmo alguns
políticos, eram contra... e ainda o são. A causa não está de todo perdida...
acreditam esses alguns. Alguns que ainda gritam no ouvido da mídia, que Belo
Monte, é um grande crime social, cultural e ambiental, e que a sua construção,
pelo menos naquele local, não é necessária, viável, porém, se a mídia não
repercute o grito, muitos como eu, gritam à toa?... Não, não gritamos à toa...
um dia falarão o quanto aquilo foi ruim, ai espero estar vivo, para escrever
(não rindo como se vitorioso fosse, pois não serei!), e o farei junto com essa
minoria de alguns, algo tipo: nós avisamos... nós tentamos avisar!
A Usina
Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, Estado do Pará, próximo a cidade de
Altamira, só existe por uma razão que pode ser multiplicada, multiplicada e
multiplicada, pois é puro acordo milionário... não há outra explicação
plausível.
Aos índios,
que vistos como improdutivos, resta a desapropriação de suas terras ou a
continuidade de uma negociação direta e eterna, como forma de luta, que espero
que seja sempre no campo das ideias e nunca no da violência. Aos animais, o meu
desejo é que suas espécies não pereçam, já que com certeza, por ai existem
animais endêmicos a essa região... muitos, talvez, nem classificados, mas todos
já desprezados, como se não tivessem direito a vida, e que dali serão varridos,
tanto pela enxurrada de água, quanto pela lógica insana de profissionais
envolvidos e políticos que sempre se envolvem em questões assim, eles batem
cabeça por essas coisas. Quanto a vegetação, que também, nem toda foi
catalogada, e que pode conter a cura para uma série de patogenias, o meu
profundo pesar... se pudesse replantaria, cada uma das espécies que ai se
perderão, nem que levasse séculos para isso. E aqui cabe bem o ditado índio,
que diz:
“Quando a última árvore tiver caído,
Quando o último rio tiver secado,
Quando o último peixe for pescado,
Vocês vão entender que o dinheiro não se come”;
Quando o último rio tiver secado,
Quando o último peixe for pescado,
Vocês vão entender que o dinheiro não se come”;
3. Copa do mundo - Essa questão nem se fala, no Facebook
quantas “comunidades” foram criadas para criticarem isso, eu mesmo participo de
uma que se chama “Dinheiro para copa tem, mas para a saúde, não...”. Só que
aqui a coisa se reverte, agora são muitos os que contestam, mas eu não vi alguns
tantos que hoje criticam desesperadamente pela salvação do dinheiro público e
sua empregabilidade nos cofres da saúde, entrarem lá no começo da comunidade ou
em qualquer outro espaço, ou nas ruas, ou nos jornais, revistas, TVs, torpedos,
e-mails, fanzines, cartas, bilhetes, rascunhos... para expressarem seu
descontentamento... somente no Facebook é que agora o fazem, de uma forma quase
que robótica, portanto, sem paixão, afinal, é um lugar onde temos uma ótima Uma
opinião fundamentada em conhecimento ideológico, social, ambiental, cultural? O
que é isso?! Não sabem, e nem procurarão saber. O absurdo é que os estádios não
foram construídos à surdina, eles não foram feitos de um dia para o outro, e
sim a olhos vistos para que quem quer que fosse os vissem, afinal a política
obedece ao velho jargão "para inglês ver", não é? E há um detalhe
importante nisso, as reformas e construções dos estádios tiveram seus valores
divulgados antecipadamente, acompanhados dos sorrisos de Pelé, Ronaldo Fenômeno
& Cia, nas estampas de todos setores da mídia... e eu não vi, nem povo, nem
redes de TVs, jornais, revistas... esboçarem reação, salvo alguns pontos
isolados... talvez, mas nada de grande porte para que realmente chamasse
atenção, infelizmente. Vi, primariamente, um político colocando a boca no trombone
a respeito disso, e era o Romário, ironicamente um ex-jogador, declarando, já proporções nunca antes vistas... daí uma
notinha sobre, aqui e ali, e pronto, ninguém mais falou no assunto. Aí, de
repente, quando o leite está derramado, e já seco pelo chão, é que alguns
querem reclamá-lo. Não dá, o povo é omisso mesmo, só que agora criaram uma
onda, e muitos, por puro modismo, querem surfá-la. Uns, indo às ruas
pacificamente (e ta... mesmo que estes ajam tardiamente, tem a minha parca
admiração) e outros, de atitudes violentas incabíveis (que só rindo mesmo e
desejando a prisão de todos)... e que ainda por cima sujam o real sentido do movimento
anárquico, por que viram ou ouviram em algum lugar, mas não leram nada, não
aprenderam nadica, sobre o que isso de fato é, e representa. E isso é a pior
forma de ser inculto, é a ignorância refletida no espelho do achismo... mil
vezes a ignorância primária, do que aplicar algo sem o mínimo de conhecimento
necessário.
Portanto, digo: sei quem são aqueles que mandarão minha irmã para a
“pqp”, de um lado os poucos alguns com conhecimento de causa, de outro os que
aderiram a moda do correr atrás pelos motivos errados, mesmo que esses pareçam
justos, só que esses últimos farão como quem xinga ao vento, para qualquer
direção, não importa o destino por que não há foco... ou será que por osmose
ganharam a consciência de que há um verdadeiro câncer comendo o que resta da
boa carne política de nosso país? Vamos esperar para ver o resultado de nossos
dias, eles estão sendo somados e a conta final está no futuro. E se você
conseguiu notar algum otimismo, que se escondeu por detrás de cada palavra...
sim, por sentimentalidades utópicas, eu ainda acredito que existam aqueles que
apontam para o fim do túnel como uma linha no horizonte, e o fazem de maneira
correta... entendo que seja o mesmo que colher grãos de mostarda em ninhos de
serpentes, mas existem... e digo isso sobre políticos e indivíduos integrantes
dessa massa chamada povo... as mudanças para o bem acontecem aos poucos, mas
acontecem. Então, querida irmã, fica essa pergunta na qual se subdivide em
várias outras... quem serão, ou já são, esses?
Eu, seu irmão... tendo uma recaída do tempo em que acreditava poder
mudar o mundo com o poder das palavras ácidas... hora ou outra agradeço por ver
coisas, tipo essa piada (engraçada, não pense que não ri, até doeu a nuca.. a
alegria irônica dá câimbras, constatei), elas despertam esse meu lado que está
latente. Voltando ao normal, termino aqui.
Pense verde
... é possível dar ordem ao caos...
e o planeta azul agradece.
Abraços a todos!!!
Mu®illo diM@tto♪